Como descobri que sou bipolar e quais cuidados preciso ter

SAÚDE MENTAL


Ansiedade e depressão talvez estejam entre os transtornos mentais mais conhecidos do mundo e talvez a naturalidade em tratar o assunto faz com que os cuidados com saúde mental sejam tão negligenciado em nosso país no que diz respeito a saúde pública como um todo.

É que além do preconceito, muito se fala de cuidar da mente enquanto prevenção, mas quando realmente precisamos de um atendimento de emergência até os socorristas têm dor de cabeça para regular o paciente e esse quadro fica pior quando precisamos de tratamento e acompanhamento profissional. Além disso quase não existe unidades de atenção básica e hospitais de referência, internação é quase impossível e por conta disso pacientes psiquiátricos passam muito tempo sem acompanhamento e controle dos sintomas por não receber o diagnóstico correto. Entenda meu caso;

Desde muito pequeno sentia algo diferente comigo, sobretudo na questão comportamental. Era uma criança muito agitada e conversadora ao mesmo tempo que tinha dificuldades em manter relacionamentos por muito tempo com as pessoas, carregava sentimentos de inferioridade e abandono incrível, por isso quase sempre optava pelo isolamento e passava mais tempo em um mundo imaginário ou virtual do que em contato com pessoas reais.

Na adolescência, esses “traços de personalidade” começaram a se converter em transtornos mais sérios e causar problemas evidentes, como a impulsividade nos momentos de fúria e agressividade que marcam os períodos de euforia, seguido por sentimentos de culpa das minhas próprias atitudes. Iniciava então uma tristeza que durava semanas e me tornava incapaz de sentir prazer no que fosse, além de existir também o sentimento de posse das pessoas com quem me relacionava e tudo isso sempre me levava à depressão profunda.

Fato curioso é que eu sempre conseguia me livrar dessa “fases” e me manter estável por um tempo, era quando tinha mais disposição para estudar, trabalhar, iniciar um curso, criar projetos, escrever, virar concurseiro, nascia o super-homem. No entanto, por mais esforços que eu fizesse, esse período passava e a depressão voltava, o que me fazia abandonar as coisas no meio do caminho, como os estudos e até emprego, e me sentia insignificante novamente, além de quase sempre ter uma ideia absurda de perseguição e julgamento das pessoas ao meu redor, o que fazia me isolar. Todos esses conjuntos de sinais são características de algo que diagnosticado agora aos trinta anos: Transtorno Afetivo Bipolar (TAB) ou bipolaridade.

Até descobrir o TAB, vinha tratando sintomas do Transtorno de Estresse Pós-Traumático, Ataques de Pânico e Ansiedade Generalizada, mas depois de ser levado para um pronto-socorro psiquiátrico, foi percebido pelo médico de plantão que se tratava de um episódio acentuado de “mania bipolar” com quadro de ideação psicótica, dai em diante ele explicou o quadro e a doença e prescreveu o tratamento.

Até então não tinha ideia do que de fato é ser um bipolar, quais os cuidados devemos ter e o que caracteriza os quadros da doença que são: depressão, hipomania e mania. Então resolvi estudar um pouco sobre o assunto e escrever sobre. Para iniciar, vamos às definições disponíveis na internet:

Transtorno bipolar ou transtorno afetivo bipolar é uma condição de saúde mental que causa mudanças extremas de humor. Conhecido anteriormente como psicose maníaco-depressiva, se caracteriza pela alternância de períodos em que a pessoa fica mais exaltada (mania), de depressão (hipomania) e de normalidade. (Pfizer).

Depois de chegar na emergência e receber uma espécie de “sossega-leão” (injeção com medicamento sedativo) descobrir que estava de um episódio de mania e teria que ter alguns cuidados para evitar a situação: passei a ser receitado com medicamentos estabilizadores de humor que seria associado ao uso de antidepressivos e me foi orientação iniciar o acompanhamento no CAPS.

Ficou na minha cabeça então: o que é de fato os “estágios” da doença, caracterizado por hipomania, mania e a depressão bipolar?

O quadro de hipomania descrito acima é mais comum no Tipo II da doença e considerado mais leve que a mania:

Em contraponto e fazendo sentido a condição, temos a fase depressiva:

A “depressão bipolar” tende a denotar tristeza profunda que dura por um longo período, ao ponto de afetar a execução de atividades básicas. Fonte: site Hospital Santa Mônica.

*É importante lembrar que a depressão nem sempre é somente um estado de tristeza, inclusive por causa disso muitas vezes nem notamos a proporção do problema.

Quais os sintomas da bipolaridade?

O Transtorno Afetivo Bipolar, assim como a maioria das doenças mentais, não é algo fácil de ser diagnosticado. É preciso uma investigação sobre a condição do paciente e pode levar anos até chegar ao diagnóstico correto. Por exemplo, sabia que tenho depressão e depois de um grave acidente tinha o diagnóstico de transtorno de estresse pós traumático, a partir de então surgiram diversos outros sintomas de ansiedade generalizada e ataques de pânico, até chegar ao episódio de mania que me levou à emergência e a partir dai foi entendido que são sintomas de TAB, embora uma coisa não necessariamente anula a outra.

Controle da bipolaridade: Quadro de estabilidade

O Transtorno bipolar não tem cura, mas pode ser controlado com os medicamentos, psicoterapias e mudanças no estilo de vida, ou seja: evitando coisas que levem a essa condição, por exemplo: o uso de álcool e drogas ou alto níveis de estresse. Assim mantém-se o chamado período de estabilidade, que é quando os sintomas desaparecem ou estão mais controlados, por isso um dos medicamentos que usamos chama-se estabilizador de humor.

O que fazer para cuidar da saúde mental?

Cuidar da saúde mental, segundo alguns especialistas, envolve uma série de fatores combinados, como trabalhar a diminuição do ritmo de estresse do dia a dia; introduzir a prática de atividade físicas na rotina, além de cuidar da alimentação e manter relações saudáveis e ter cuidado com os relacionamentos tóxicos, enfim, um controle maior sobre todas as áreas possíveis da vida, o que pode parecer impossível no ritmo de vida que levamos atualmente. Além disso, existem os fatores genéticos e hereditários que ajudam na condição e desenvolvimento de doenças mental. Fique atento!

Para saber mais informações sobre o TAB, uma ótima fonte é o site do Dr. Dráuzio Varella.

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josé roberto rios

Libriano, soteropolitano, confuso, iludido, traído, sobrevivente das minhas próprias guerras. Escrevo sobre o que passa pela minha cabeça, buscando entender nossos processos internos, mas quase sempre com aquela dúvida se o que vivo é real ou Isso É Coisa da Minha Cabeça?™

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