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Transtorno de bipolaridade: episódio de mania me levou ao pronto-socorro

Ansiedade e depressão talvez estejam no topo das doenças mais conhecidas e faladas no mundo atual e talvez essa naturalidade toda em tratar o assunto faz com que os cuidados com saúde mental sejam tão negligenciado em nosso país no que diz respeito a saúde pública como um todo.

É que além do preconceito que o portador enfrenta, muito se fala da importância de cuidar da mente enquanto prevenção, mas quando precisamos de tratamento ou atendimento de emergência, por exemplo, até os socorristas do SAMU têm dor de cabeça para regular o paciente. Quase não existe atenção básica e a compreensão prática do problema, hospitais de referência são pouquíssimos, internação quase impossível.

Existem questões que podem ser um pouco mais complexas e que até podem ter origem numa “simples” crise de ansiedade, depressão e traumas adquiridos ao longo da vida, mas que podem evoluir para psicopatologias mais graves se não receber a devida assistência e tratamento.

Cuidar da saúde da mente para os especialistas consiste em trabalhar a diminuição do ritmo de estresse aliada a prática de exercícios físicos; manter uma boa alimentação; cuidar dos relaciomentos, enfim, um controle total em todas as áreas da vida, o que além de ser impossível, existem fatos genéticos e hereditários que podem nos trazer essa

Nem sempre é só um momento difícil que alguém está passando, as vezes é um surto e isso pode oferecer riscos à sociedade.

Desde que desenvolvi o chamado estresse pós-traumático e dentro desse quadro vários outros problemas começaram a ficar mais evidentes. Comecei a fazer uso de medicamentos, inicialmente seletor de recaptação da serotonina e um outro para conseguir dormi, já que o pós trauma me causava insonia. Com o tempo, algumas coisas foram se ajustando e outras ficando cada vez mais difícil de lidar. O quadro depressivo aumentou sem que eu notasse.

*É importante lembrar que a depressão nem sempre é somente um estado de tristeza, inclusive por causa disso muitas vezes nem notamos a proporção do problema.

A situação então evoluiu para um quadro que requer mais cuidados, passei a ter as crises de ansiedade e pânico, mas até então não sabia identificar corretamente o problema e entendia que o medo e desconfiança excessiva que sentia nas outras pessoas eram normais diante do meu processo. E depois sempre fui meio cismado com tudo mesmo, pensava.

Demorei um pouco para voltar a sair e me relacionar.

Em verdade não tenho muito interesse nas interações sociais, mas até para se relacionar de forma casual tive dificuldade de confiar novamente em um eventual parceiro. A primeira vez então que dormi novamente com alguém, quase um ano depois, tive uma crise de ansiedade, porém não sabia ainda identificar. Pra minha sorte, o boy era médico e soube controlar a situação, inclusive me dando umas doses de rivotril e vida que segue. Passei a ter um pouco mais de confiaça nele e tivemos mais alguns encontros já que ele não tentara me matar, confiei.

A outra experiência foi em minha casa, onde imaginei que nunca mais traria alguém que não tivesse plena confiança, mas decidi que precisava ser evoluir e trabalhar meus traumas.

Deu merda!

Tive outra crise, dessa vez uma crise de euforia, indo para o quadro de mania, só que pra minha sorte os boys meio que estavam cientes do que me aconteceu – eu largo logo o doce e aviso pra não ficar apertando minha mente. O coitado então percebendo minha tendência em surtar tratou me de acalmar e ficamos bem. Ao mesmo tempo que ainda tenho medo de dormir com um parceiro, também não me sinto tão seguro ainda morando sozinho, e foi justamente quando estava só que veio o ápice da mais uma crise, essa pior, um quadro agudo de mania.

*É importante ressaltar que hoje consigo identificar os quadros devido ao diagnóstico que tive após a emergência psiquiátrica, onde foi diagnosticado e explicado meu quadro, inclusive modificando medicamentos, tratamentos e recomendações. Fui encaminhado ao CAPS.

Na crise, em dado momento me sentia sufocado, com taquicardia, a sensação é que ia morrer. Começei a ver coisas ameaçadoras e ter confusão mental. Via uma faca atravessar a porta e ouvia nitidamente que tinha alguém do outro lado tentando abrir. Nesse momento eu tentava impedir a abertura da porta e gritava muito por socorro e começei a quebrar os vidros da porta. Eram por volta de 2h40 da manhã e os começara a acordar os vizinhos com os gritos. Os mais próximos logo vieram me socorrer, acreditavam que algo grave pudesse ter acontecido e quando chegaram notaram que estava passando por um surto psicótico. Tentaram me acalmar e chamaram o SAMU.

Mas embora meus vizinhos próximos estivessem ali algo me dava um medo terrível de todos. Sentia que ia morrer, que algo representava uma ameaça iminente a minha vida, estavam todos contra a mim e não sentia confiança em ninguém. Fiquei agressivo, os socorrista então chamaram a polícia para garantir a integridade deles e me tirar de casa.

Eu via uma ameaça nos socorristas, embora eles tentavam o tempo todo me acalmar, dizendo que estavam ali pra cuidar de mim, socorrer, mas vai dizer pra mente de alguém em surto psicótico. Quando a polícia chegou então fiquei com muito mais medo ainda, e na cabeça precisava fazer algo porque eles iam me matar e abandonar meu corpo na estrada do cia, rs.

Nota de repúdio/desespero: Ao chegar em minha casa, cerca de quatro policiais que normalmente fazem ronda em viatura, chegaram de forma agressiva, hostilizando e ameaçando que iam me bater com um pedaço de pau quatro quinas, inclusive fazendo acusações que eu era usuário de droga. Para minha sorte, meus vizinhos e a proprietária do imóvel que moro tomara a frente, informando do que se tratava e não deixando que eles me agredissem. Ainda assim, já dentro da ambulancia, recebendo os primeiros socorros, um dos PM’s me hostilizava de todas as formas que se possa imaginar. Nem vou perder meu tempo desenvolvendo sobre os erros deles, que o caso poderia ser levando ao Ministério Público e tudo mais, mas deixa quieto até porque embora cometido o excesso, eles não me agrediram fisicamente e de certa forma colaboraram pra meu socorro. Mas o fato é que a polícia militar precisa receber os devidos treinamentos e/ou conhecimentos acerca das questões de saúde mental ou não se envolver em casos quais eles terminam comentendo excessos desnecessários.

Voltado a saga “um maluco no pedaço”, fui levado para o Hospital Juliano Moreira e ao chegar lá fui atendido por médico psiquiátra plantonista. Que médico foda viu e iluminado viu! Dr. Silas Bahia, CRM-BA 26280. Sem palavras! 👏👏👏 Feitos os primeiros atendimentos com a enfermagem, fui para um leito, recebi uma injeção que me deu uma sedação. Após um tempo descansando, o médico mudou a medicação, ressaltou ao acompanhante os cuidados que devo ter, entre eles não abusar de alcool, café e outras drogas; suspender a atual medicação e passar a utilizar as novas, dessa vez um antidepressivo triciclico e um estabilizador de humor, o Depankene e cuidar como um todo da saúde mental para evitar os quadros de mania, depois disso voltei pra casa.

Continua…

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