Quando a persistência pode se tornar uma “crença limitante”?

Persistência é a capacidade que desenvolvemos para alcançar nossos objetivos. É ser esforçado o suficiente para conseguir o que se quer, agindo com constância, foco, determinação, insistência? Talvez devemos pensar sobre a diferença entre persistir e insistir e como isso pode atrapalhar nossa vida.

Desde criança a maioria de nós somos ensinados a perseguir nossos sonhos e objetivos e isso é uma essencial para nos manter motivados durante a vida adulta: entender que nem sempre as coisas darão certo de primeira e precisamos tentar outra vez e outra vez, até conseguirmos enfim chegar lá. Tudo bem, nenhum problema até aqui, de fato não se deve parar no meio do caminho por causa de algo que não deu certo, mas é bom pensar direitinho sobre até quando vale a pena tentar outras vezes em algo que parece estar inclinado ao fracasso?

Tentando contextualizar a situação, vou citar minha percepção sobre o assunto. Eu particularmente cresci com a noção que do lugar de onde vinha precisaria ser um pouco mais persistente que o normal para conquistar algo. Quando falo “lugar de onde venho” não estou falando do fato de ser preto, pobre e favelado, mas acredito que o peso maior mesmo tenha sido o ambiente familiar e da falta de estrutura afetiva que me foi ofertada desde sempre e isso tem um peso real.

Até porque acredito que independente de qualquer situação quando se tem uma família que te dar apoio e incentivo, talvez a falta de grana seja a coisa mais fácil de driblar. As oportunidades são escassas mas existem, o negócio é correr atrás e encontrar apoio pra seguir em frente. Você pode, por exemplo, passar no curso que tanto deseja numa universidade pública e não ter condições de se manter no porque trabalhar é mais urgente do que persegui seu sonho no momento.

Talvez pra quem encontra uma estrutura familiar que o permita seguir sem se preocupar a realidade seja outra, é o que chamamos de privilégios, mas ninguém liga pra isso.


E até me orgulho de não ter deixado que os meios justificassem os meus possíveis fins tal como pude assistir de amigos, familiares, primos e irmão. Na correria da vida, entre a necessidade de ganhar o pão de cada dia e o desejo de alcançar meus objetivos fui atirando para todos os lados em termos profissionais e acadêmico, mas quase sempre me frustrava ao deixar as coisas no meio do caminho. Não entendia como poderia ser tão esforçado e poucas vezes conseguir concluir o que iniciava. Na verdade só fui entender melhor as coisas com o tempo e minhas próprias sessões de autoanálise, PNL, sessão espírita, banhos de folha, reiki, acupuntura, conversas com o mentor espiritual, a aproximação dos trinta e tudo que você imaginar para conseguir entender algumas coisas que estavam no meu subconsciente.

O que de fato aprendi é que a PERSISTÊNCIA é o caminho, mas a INSISTÊNCIA talvez seja o limite de uma estrada acidentada. E embora a diferença seja muito tênue, talvez seja hora de mudar o caminho.

E isso não quer dizer que você deixará de ser um persistente, apenas será inteligente para agir rápido e reorganizar sua rota, entende? Por exemplo, notei que a PERSISTÊNCIA foi adotada ao longo da minha vida como um padrão de comportamento e uma crença [ posso até dizer que limitante ] que me fazia acreditar que deveria insistir em tudo até a última chance e estava completamente errado. Existia em mim uma romanização de que a persistência realiza o impossível, mas até quando vale a pena o desgaste de insistir naquele mesmo caminho? A vida é cheia de possibilidades. E muitas vezes estamos presos à um único caminho que nunca dar certo. Ou seja, estamos sendo persistentes ou só estamos sendo grosseiramente insistentes em algo que não vai rolar da forma que estamos fazendo? Não seria o momento de mudar as coisas e até rever os meios e métodos que estamos utilizando pra chegar em tal resultado?

Além disso, existem coisas que não precisamos persistir tanto, muito menos chegar ao ponto da insistência. A saber: relacionamentos. Quantas tempo perdemos insistindo em amores falidos, sentimentos não reciproco e na indiferença do outro sobre nosso valor? Tudo isso só nos machuca e fez do amor uma distração aos nossos reais e mais sólidos objetivos na vida. Não que seja errado amar, mas essa é uma área da nossa vida que não precisamos ser tão persistentes ao ponto de insistir no que não tem mais valor. Foi nessa experiência que entendi que a persistência tem que ser diferente da insistência. E ser um bom persistente é saber quando é hora de mudar o caminho para ganhar tempo e alcançar mais rapidamente nossos objetivos. Eu sei que parece redundante, mas se tu para pensar faz sentindo. Ou talvez seja coisa da minha cabeça.

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Roberto Rios

Libriano, soteropolitano, confuso, iludido, traído, sobrevivente das minhas próprias guerras. Escrevo sobre o que se passa nessa mente confusa, na dúvida se o que vivo é real ou Isso É Coisa da Minha Cabeça?™

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